Dente-de-Leão...

Sinto-me culpada.
Caminhava pela rua quando o avistei,
me aproximei e o arranquei do chão,
ceifei sua vida.
o coloquei em minhas mãos
e o acariciei com meu rosto.
Não consegui mais soltá-lo.
Aquele ser jazia morto em minhas mãos, 
inerte por minha culpa.
O toquei e parte dele soltou-se e o vento levou.
Sofri com tal gesto, tamanha era minha culpa.
Me arrependi disto.
Agora ele não sai de minhas mãos, 
sua forma e sua morte me martirizam.
Sua beleza logo findará.
Caminho pelas ruas com o ser em minhas mãos
e as pessoas não notam meu crime.
Seu corpo morto em minhas mãos.
Neste momento estou a olhá-lo,
e em mim a culpa pesa e arde.
Ceifei sua vida no auge de sua beleza,
pois é isto que as pessoas fazem.
Já não posso mais te conter em mim.
Se o soprarei? Eu não sei.
Dente- de- Leão
te perdi antes mesmo de tê-lo em mim,
o vento te leva para longe de mim,
já não suporto a distância,
dê-me algo para que eu possa distrair meu coração,
enquanto procuro-te nos jardins e olhares do mundo.

Sara.



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