Ingenuidade, minha.

Desculpem-me leitores algo se quebrou em mim.
Descobri algo sobre mim,
algo que eu já conhecia só não sabia como nomear.
Minha ingenuidade.
Sempre me julguei observadora,
atenta a todos que me cercam, de fato sou.
Só que em meio a esse processo algo se alterou.
Deixei que meus sonhos
saíssem de mim e assim pouco a pouco
fui ficando cega para o mundo das pessoas.
Sim, um mundo a qual eu não pertenço,
não inteiramente.
Tudo me parece tão vago,
sem sentido, sem explicação.
Quando na verdade é muito simples:
Eu não sei viver.
Talvez isso justifique o fato de eu nunca me sentir
pertencente à algum lugar, qualquer um,
seja minha casa, a casa dos outros,
inclusive meu próprio quarto.
Me pergunto se há outros como eu,
acho que sim,
mas é difícil assumir que se é um estranho no mundo,
que se é ingênuo, que não se conhece as pessoas.
De um modo muito triste faz sentido.
Me questiono, quando foi que deixei de viver.
Na infância, na adolescência, agora? Eu não sei dizer.
De um modo incomum,
deixei de olhar para as pessoas
e para o mundo a minha volta.
Passei a observar de olhos fechados
como uma vida seguia, sem me ater ao fato
de que essa vida me pertencia,
e que só cabia a mim desenvolvê-la.
O que fazer diante dessa constatação?
Ainda há tempo de abrir os olhos?
Deixar minhas expectativas?
Sobre tudo e todos.
Deixar minha ingenuidade?
Não posso responder a tais perguntas,
não agora, não hoje,
talvez não nessa vida.

Sara.

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