A Sentir.

O quão automático você está?
Não sei dizer.
Caminho pelos meus dias,
envolvido pela minha rotina,
encarcerado pelos meus compromissos,
dividido.
Encarando meu reflexo,
sem reconhecer o rosto que vejo.
Meu corpo quer parar, eu insisto
em persistir.
Não tenho tempo é o que eu mais digo, vivo,
não sei dizer.
Quando caminho e olho para meus pés, pernas, passos,
me pergunto quem ou o quê guia este corpo?
Não sei dizer.
E quando eu estou mais envolvido em  minhas tarefas,
decido olhar para o céu.
Ainda bem que eu olho para o céu.
Somente nestes instantes, me dou conta da ilusão que vivo.
O céu é um vão, é tudo e não é nada.
O céu é azul, porque é o azul que é espalhado, quando a luz solar atinge a atmosfera.
Os atronautas não veem esse azul.
Não sei dizer o por quê eu disse isso.
Olhar para o céu me faz bem,
faz com que eu pare e pense na imensidão que me rodeia
e que por vários motivos, não presto a devida atenção.
Sinto me pequeno quando o olho,
sinto me vasta e incompleta.
Sinto prazer e angústia por existir.
Quando olho para o céu deixo de ser automático.
Ali sim, me dou conta de que preciso sentir.
Sentir tudo que me rodeia, toda a matéria que me cerca.
Então, por alguns instantes toco as árvores, os prédios, as pessoas
e a mim mesma, na procura por sentir.
Sentir o quê?
Não sei dizer.

Sara.

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