Atordoada e com razão.

Mas a verdade é que não suportamos ver a nossa fragilidade escancarada.

Quando levamos um tapa
a pele fica vermelha,
mas com o passar do tempo
a cor some, a dor diminui.
Me questiono até quando esqueceremos o tapa de ontem
e ficaremos ignorando
que um novo tapa vai ser dado
até que façamos algo para para-los.

Delegamos ao outro aquilo que não queremos cuidar dentro da nossa casa.

Quando Menina não pude brincar na rua,
nem jogar futebol,
Ele queria meu silêncio,
mas provocava meu choro.

Ainda hoje o medo me toma na rua.
Gosto da noite,
mas a sobrevivência é maior
e fico em casa, não por engano.

Ainda hoje o grito me cala a alma,
me dá nó no estômago
sufoca minha calma.
Revivo o medo da infância,
me encolho e me escondo
para não desgraçar a vida.

Mas nem sempre sou sofrida,
encontro mulheres de garra
que me dão a mão
e me chamam de amiga.

Se o sentimento nos toma "porque poderia ser eu",
também deve ser nós que vamos puxar, arrancar,
retirar as amarras
para que nenhum ELE
aperte, sufoque, mate
outra de nós.

Às vezes não suporto ver minha fragilidade escancarada.
Por isso ganho força para mudar meu mundo
a começar pela minha casa.

Atordoada e com razão.
Sara.

PS: Em vista dos (nem tão últimos) acontecimentos  na Universidade de Brasília.

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