Aguilhão.

Sinto que há um aguilhão
preso ao meu corpo,
me perfurando
me acompanhando
me importunando.
Transpassando carne, ossos, alma.
Uma sensação de peso me toma
e meu reflexo não me mostra
onde ele está.
Um incômodo que perdura
uma ponta que fura
um encontro que dura
Quase toda uma existência
Vez ou outra eu percebo
que quase sempre
eu não chego
a notar sua presença.
Quando logo me concentro
sinto logo sua ausência
e seu peso aparece
como âncora que se prese
me afunda
em mares de reflexão.
Eu conheço a dor que virá
ao tentar retirá-lo
mas reconheço a dor que existe
ao deixar permanecê-lo.
Uma escolha entre dores.
Como dar conta de um aguilhão
que me confronta com crenças,
costumes, funções, lugares de existência.
Saberá o tempo
quando virá o momento
em que chegará o advento
para me resgatar
do objeto que me constitui
e me preenche.

Sara.

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