Para Carolina.

Agradeço te por me conectar com minha pobreza.
Seja pobreza espiritual Ou de recursos.
Ler teus diários Foi como reviver ao extremo
A falta que tive na infância
Mas ao contrário de tu
Que se não tinha alimento
Alimentava-se  de palavras
Mas nunca deixou faltar-te para teus filhos
Eu ainda tive a falta dos meus pais.
Curiosamente os livros também preencheram minhas faltas afetivas
Me formaram, me criaram
E me possibilitaram ser tecida em palavras.
Que o sofrimento nos torna criativos
Disso já sabemos, mas
O que tu escreveste era mais do criativo Carolina, era a realidade.
Agradeço-te por ter deixado suas palavras para a posteridade.
Aqui estou meio século depois lendo tuas palavras,
sentindo pelas suas dores e de tanto outros.
Eu já não me encontro em pobreza
Deus me abençoou.
As vezes a sabedoria é precedida por sofrimento.
Ainda que ocultaste de mim
Teus sonhos
Pude me ver em seus olhos e soube
Que tu era mais do que se via.
Tua alma era tecida de palavras
Teu corpo traçado na escuridão do céu
Tuas mãos tão fortes quanto tuas palavras, me fizeram tocar
Em teus olhos que a tantas coisas viram e
ainda assim eram de uma simplicidade poética
Capaz de pedir ao céu um pedaço de si para fazer um vestido.
Que a tua voz possa ressoar ainda mais longe
e que tu nos mostre
que a Vida em um quarto de despejo É vida.


Em homenagem a Carolina de Jesus.
Sara.
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