Revoada

E se foi.
Veio mesmo sem querer
e tinha pouco pra dizer,
mas até que gostou de estar ali.
Perto, tão perto que não sabia
que ela era tão sapiente
quanto um sabiá que pousa
na sua janela e canta sobre sua vida.

Era alguém que sentia o peso do mundo
e tinha um medo profundo
de se abandonar.

Certa vez olhou uma revoada de pássaros
e sentiu vontade de chorar.
Era tão pequena
de coração simples
e palavras complexas.

Ela era tudo que queria,
mas não sabia
que podia se amar.

Era tão benevolente
que sentia o coração ardente
com vontade de ajudar.
Duvidava se naquelas entranhas rígidas
que a vida teimou em lhe dar
não tinha egoísmo, desamor,
dor e vontade de queimar.

Era tantas que já não sentia
que podia se juntar
tinha feito arremesso
de si mesmo sobre o mar.

Ela se foi.
Estava voando
e não sabia voltar.

Sara.

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