Em meu deserto cheio de vida

As pessoas estão tão sozinhas

Havia um deserto
e eu me enterrei nele
A noite faz muito frio
então me lembro dos tempos duros
daqueles em que esfriei minha alma
para enfrentar a escuridão
As marcas dos meus ferimentos
latejam quando a noite cai

O dia é muito quente
e me lembra dos tempos amargos
aqueles em que eu não tinha fome
porque o desejo de vingança me alimentava
Eu me rastejava pela vida
desejava matar aquela dor
Sonhava com a morte
mas chorava ao acordar
e perceber
que a vida ainda me habitava.

Queria me despir do meu corpo
arrancar meus cabelos
me atirar na mata
e viver o que a terra me desse.

Havia um deserto
que tinha noite e dia
mas também havia nascer e por do sol
e nesses momentos eu tinha vida
e me lembrava que estar ali não era minha escolha

Por longos dias eu não quis sair
mas a vida em mim persistia
e quando dei por mim eu ansiava
pelo sol
e amava a lua.
Vê-la se tornou um hábito,
depois uma paixão
Quando vi, ela já me preenchia.

Foi naquele dia
em que eu a queria grande sobre mim
que percebi
que aquele não era meu lugar
e que havia me entregado ao meu sofrimento
Percebi o que a vida queria me mostrar
e foi neste dia que eu sorri.

Sara.
Para relembrar que tempos difíceis passam.

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