Passado.

Houve um tempo
em que meu rosto estampava um sorriso mecânico.
Um olhar perdido
mergulhado em aflições
e perguntas,
muitas coisas me cercavam,
me cerceavam,
mas somente eu me impedia.

Um disfarce tão grande para alguém que não queria ser eu.
Uma imagem calcada em fantasias e ordens de outros,
aos poucos fui me desfazendo
até perder o fio da meada e já não saber quem sou.
Foi ai que me refiz e estou o que estou.
Sou processo,
tão ameno
lento,
passo a passo.

Há tempos que me questiono
se esse tempo passou.
Ainda sinto meus pés presos,
meu pensamento longe,
minha mão tateando no escuro.

Se há espaço para o lamento
também deve haver para a esperança.
mas existem momentos
que me enxergo de novo
encarcerada
deitada só
reflito.

O céu parece infinito
e sinto medo,
pois a imensidão sempre me assusta.
Ainda que de resto
sinto solto
dentre os meus sentimentos
um desgosto
a apertar meu corpo
exigindo de mim
um rosto
que não expresse
dor.

Sara.


Comentários

Postagens mais visitadas