Exílio em mim.

Passo a mão nas paredes desse quarto.
toquei o seu rosto,
lavo meu rosto,
torno a te tocar.
Descalço caminho,
piso no chão,
certificando-me da realidade,
minha realidade.
Encaro meu reflexo,
a janela aberta anuncia
a chuva que cai lá fora.
Ouço um piano,
sim toca  minhas músicas favoritas.
Ouço a chuva, o piano,
torno a tocar as paredes do quarto.
Você está em silêncio,
você é irreal, é uma sombra de mim,
uma projeção da minha fantasia.
Sei que se te abraçar,
você irá embora.
Eu não posso sair desse quarto,
você, minha ilusão, é minha única companhia.
Me cansei de falar,
a chuva cessou,
não possuo relógio,
meço o tempo pelas músicas.
A cada hora uma música se repete,
duas vezes é tocada no piano.
Talvez o pianista saiba que a música é curta,
e por isso a repita.
Folhas no chão, Livros jogados.
Escrevo quando as palavras surgem.
Assim, estabeleço minhas conversas,
perdi o tempo em mim.
Já chorei diversas vezes,
gritei com você, comigo.
Temo o dia em que a tinta acabar.
Ao longe, ouço meu nome.
Talvez seja apenas o vento,
talvez seja a hora de sair,
de mim.

Sara.

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