A Flor no livro de Clarice.

A encontrei em uma dessas páginas que tanto me inspira.
Naquele exato momento fiquei aturdida,
mas no segundo seguinte um sorriso esboçou-se em meu rosto.
Tão frágil que não pude tocá-la,
não pude imaginar de onde viestes, aquela beleza me detinha.
Não pude tirá-la da página,
tive medo de perdê-la.
Sinto ter perdido teu passado,
não sei se poderei dar-te um futuro.
Queria voltar no tempo e sentir teu perfume.
Queria saber de onde viestes
e para onde irias.
Queria te ver sendo tocada pelo vento,
queria ver teu florescer.
Agora que tudo passastes,
chega até mim.
Natureza morta?
Não. Viva, e carregada de lembranças que só quem a colocou
no livro pode tê-las vivido ou não.
Que sua não existência perdure além de mim,
que eu possa ser a sombra que te cerca
nessa tarde de sol,
em que desfruto do meu livro
e contemplo uma flor seca de uma planta desconhecida
deixada em uma dessas páginas que me inspira.

Sara.
O Livro: Clarice na Cabeceira. Clarice Lispector.

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