Sob um Céu negro...

Se caminhando para fora de mim, encontrar-me só
voltar-me-ei para dentro e de certo encontrarei
tudo que me questiona.

Olho este céu negro da cidade grande.
Tão negro e vazio de estrelas.
Almejo tanto vê-las que as confundo
com as invenções humanas.
Entristeço ao observar que também é negro
meu coração.
Se pela paz procurares e a ela não encontrares,
de certo procuraste no lugar errado.
O ser humano é o único animal
que quanto mais procura compreender a si mesmo
mais se perde, sem perceber que não precisa compreender-se
basta apenas exercer sua existência.
Se a cada bifurcação da vida
parássemos para conhecê-las
ao invés de seguir adiante,
possivelmente viveríamos
menos angustiados.
A cada dia que se renova perdemos o dia que se passou,
sem jamais poder recuperá-lo, mas ganhamos o dia
que está por vir.
Olhando este céu negro também percebo
que é negro o meu coração, mas não vazio.
O negro que me preenche chama-se desconhecido,
não é vazio, pois se preenche de presenças,
presenças desconhecidas.
Debaixo desse céu negro penso nas presenças
que me habitam, talvez elas sejam partes de mim,
talvez elas sejam partes que ainda estão por vir.

Sara.


*foto por Samuel Ferreira da Silveira.

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