A Fuga.

Tentamos forjar com nossas próprias mãos (e palavras ou pensamentos)
uma ideia sobre o que seja viver.
Porque sabemos que estamos fugindo.
Fugindo de nós e dos outros.
Não buscamos contato, pois temos medo.
Distraímos-nos na busca por conhecimento.
Queremos preencher o vazio.
Se somos um ser social, Por que fugimos do outro?
Porque nos vemos refletidos no outro.
Nossos medos, angústias, anseios, frustrações...
refletidos, nos aterrorizam.
Buscamos o conhecimento como forma de explicação
para o caos que é a vida.
Sem escapatória, relutamos.
Recorremos à ideia do que possa ser a vida.
Cada ser humano sobre a face dessa terra,
forja a sua ideia sobre o que seja viver.
Conceitos, meros conceitos sobre a vida e sobre o viver.
Criamos, forjamos teorias, proposições, histórias, ideias, conceitos, doutrinas...
vida, inventamos a vida por medo de nós mesmos.
Lemos incansavelmente, estudamos,
estudamos, pois aprender é estimulante e dá sentido para quem o procura.
Porque no fim, todos a sua maneira não conseguem se colocar frente a outro ser humano,
de ser humano para ser humano, nós preferimos nos esconder atrás das máscaras
que nos são dadas pela sociedade ou por nós mesmos na angústia da fuga.
Talvez essa seja a função do conhecimento, preencher e explicar
o que seriam os humanos, caso fossem humanos.

Sara.
Baseado na nota de Philip Quarles sobre os "intelectuais e sua busca por evidência da existência" (pp 326-330). Livro "Contraponto" Aldous Huxley, Editora Abril, 1971.

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