Absinto

Quase sempre me corrói a alma
um sentimento duro,
pesado, rançoso.
Sobe pelas minhas entranhas
e sacode meu ser.
Me faz lembrar quem sou
e diz muito sobre o que eu quis
esquecer.

Quase sempre choro
por que ele tem gosto amargo
e bebo água a fim de dissipar
o ardor da minha garganta.

Nunca tiro da lembrança
o medo a arrepiar meus cabelos
a se intrometer em meus sonhos
e a me fazer acordar com um peso no peito.

Parece quente e espinhoso,
se mostra frio e ganancioso
perpassa minhas barreiras
e adentra minha solidão
me perturba ao longo do dia
e me faz perder a paz.

Sei que só eu posso enfrentá-lo,
pois se não eu, ninguém mais o vivenciou.
Cabe a mim cumprir a tarefa de virar a garrafa
deixar escorrer o líquido verde
destruir minhas ilusões disfarçadas,
deixar a mesa e alcançar a escada,
cabe a mim não dizer mais nada.
Apenas sair a porta e adentrar
a madrugada.

Apesar de sentir,
sinto que quero me abster
do absinto.

Sara.

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