Eu, tão pequeno pássaro.

Como se eu estivesse em uma grande gaiola.
E que apenas por estar nela,
eu não era capaz de me atentar as grades.
Como poderei eu, tão pequeno pássaro,
esbarrar em uma grade e rompê-la?
Mesmo assim eu, tão pequeno pássaro,
sinto as grades sob meus pés.
E percebo paulatinamente
que ela se constitui de mim.
Minhas vontades, desejos,
medos e aflições
são as quatro barras que me prendem,
me encarceram no lar provisório
do meu mundo de fantasias.
Porém, de tão atento que sou
percebo uma observadora,
fora das grades
seus olhos me tocam.
E fazem eu temer de mim
que as barras se abram.
Ainda assim eu, tão pequeno pássaro,
permito
que meus olhos também a toquem
e foi assim que se deu o contato.
E da "voz da vida ouvi dizer
que os braços sentem 
e os olhos veem"
para além da escuridão.
Tão singelo encontro precioso
fez com que eu, tão pequeno pássaro,
abrisse as asas
e ensaiasse um voo.

Sara.


João de Barro, autor da foto: Sandro Barata
Fonte: http://www.unb.br/passaros/passaros.htm


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