Resistindo.

Resisto,
a cada passo na rua.
A cada olhar da janela
a cada palavra maldita
a cada palavra não dita.
Resisto.

Vivo,
enquanto ar ainda me restar,
enquanto eu puder caminhar
Quantas vezes me silenciei
por medo da sua covardia
quantas vezes me anulei
por achar que não devia
ser o que sou.

Resisto enquanto respiro,
a cada golpe do destino
a pobreza e ao desatino
de fingir.
Resisto ao seu medo de mim
medo fundado em preconceitos
medo do meu mundo
medo do que eu sou
medo

Vivo permeado pela resistência,
todo dia vivo minha luta.
Do lugar menos esperado
menos estimado
das vielas
onde escorre o seu expurgo
Dali tiro meu sustento.
Eu vivo e da resistência me alimento.

Chorei quando me impuseram o que eu devia ser,
quando me prenderam no meu ser,
quando me obrigaram a temer.
Choro por todas as manas
que resistiram, mas que não bastou a resistência
lhe tiraram seu mundo
seu ar, seu chão,
delas não se tem número,
não se sabe a luta,
não se conhece o rosto e nem a história.
Eu choro e luto.
Resisto e luto.
Temo e luto.
Anseio pelo futuro
onde a minha existência não lhe afetará o mundo.


Sara.

Inspirado na peça "Felicidade" de Alexandre Ribondi e as e os LGBT da cidade Estrutural, Vinícius Ávlis, Fábio William, Jéssica Silva, Josias Silva, Lucas Miguel, Tainá Caminho, Taty Moudrak e Walisson Lopes.
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Fonte: http://revistapainel.com.br/2017/01/30/diretor-alexandre-ribondi-faz-peca-lgbt-com-moradores-da-estrutural/

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