Funduras.

Não posso me render a esse desejo descabido.
Tantas vezes roubado de mim,
Tantas vezes levado a embalar meu próprio sono.
Vou me desfazendo pouco a pouco
E dando lugar a minha imensa obsessão
Um falso vazio se instala
Um desejo ardente arrasa minhas chances de viver só.
Processo automatizado,
Engendrado no meu corpo
A fuga tão alcançável
O medo de pisar em falso.
Mas eu já pisei.
Pisar em falso é o que mais faço
E para fingir que não há espaço
Eu preencho de sonho
Todas as funduras que me cercam.
Mas elas estão em mim.
Eu tenho funduras que não são preenchíveis.
Mas insisto em enfiar sonhos como se fosse máquina desejante.
Desejante de sonhos.
É difícil perceber que meus vazios não podem ser preenchidos
É difícil aceitar.
É mais fácil se iludir
E fingir
Que posso lidar
com as funduras do meu olhar.


Sara.
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Fonte: https://fotos.habitissimo.com.br/foto/fundura-11-metros_1043273

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