Da Fuga ao Vento.

Subi a montanha
desesperado de cansaço
Subi com toda a minha intensidade
e ao alcança-la tive medo de cair.

Me sentei e por um longo tempo
contemplei a vista do vale
Era fim de tarde
e a paz alcançava o monte.
Mas em mim permanecia latente
todo o cansaço
tive vontade de me estirar
e de me esconder
tive vontade de me matar
e de correr
ao mesmo tempo.

Eu não era o vento.
Mas eu o tinha invejado
e por isso me meti a subir a montanha
para acompanha-lo.

Ao chegar ao topo
eu quis fugir
Não poder fugir
me aterroriza.
Porque tudo o que eu fiz na minha vida
foi fugir.
Fujo de mim
desde a minha tenra idade
Fujo do que me fez existir
e do que me formou
Fujo de lares falsos
e da falta de afeto
Fujo todos os anos
em todas eras
Desde que me conheci.
Mas o vento é sábio
e me fez o seguir
Derrubou sobre mim a inveja
e me levou a subir
Ao fim de tanta fuga
resta um alguém cansado
mas grato
ao vento
que me ensinou a não soprar
para sempre.

Sara.

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