Eu e o Deserto.

Ando por um deserto seco em busca de água
o sol a cada noite se vai
e o frio do sereno corta a minha alma

As baforadas do vento quente
me dizem coisas
as miragens do deserto me mostram coisas
que eu não quero ver

Eu não sei discernir meus sentimentos
foi tanta a violência que me construiu
que não me sinto merecedora de amor

Então ao menor sinal de água
eu sucumbo
e tomo areia
acreditando estar molhando minha garganta,
mas então eu entalo
e acordo do meu devaneio
até que a dor
novamente me faça
sucumbir.

Eu falo tanto
sem dizer nada
Eu sinto tanto
pra não sentir nada.

A noite o breu cai
e o deserto quer me recobrir
me cuidar
mas eu reluto
não aceito
pois tenho medo
de confiar.

Nunca me entrego
eu não vivo
eu apenas sobrevivo a essa existência
o deserto me oferece seu abraço
mas eu não sei lidar
com o que eu nunca tive.

A minha cabeça me diz que é seguro me deixar ir
meu coração grita
que não posso cair na mesma armadilha.
Já não sei discernir o que é seguro ou não.

Enquanto caminho
sinto a areia que faz parte de mim
e o deserto me abraçar
mesmo eu sem sentir.

Sara.

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