O ficar e o ir da gente.
Esse poema é uma despedida.
Eu adoro sua pinta no centro do seu lábio superior.
Aquela que só dá pra perceber quando você está sem batom
e quando chego bem perto da sua boca.
Seus cabelos cacheados cor de caramelo e seus pelos tão claros
que só vejo quando bate a luz do sol sobre seu rosto.
Sua empolgação diante de um desafio,
sua dança de comemoração restrita à momentos muito específicos e discretos.
Seus cílios pretos e enormes de fazer inveja a qualquer pessoa que olhe nos seus olhos.
Sua voz tão marcante,
tenor,
que me atrai e me faz ouvir repetidas vezes suas mensagens de voz.
Sua ferocidade, suas palavras cortantes, certeiras como flecha em um tiro ao alvo.
Seu bom gosto em tudo o que faz.
Metódica, sistemática, organizada, impetuosa foram palavras que eu te atribuí ao longo desses anos.
Muito mais em contraste a mim,
do que propriamente aplicáveis à você.
O amor é coisa trabalhosa, desafiadora,
faz da gente onda do mar,
exige constância nas mares baixas e altas, nos ventos fortes e fracos, nas luas cheias e no restante das noites.
Você é um presente na minha vida,
o tempo ao seu lado voa,
as conversas aprofundam,
o beijo demora.
E então chega a hora de ir,
porque nós não somos mais os mesmos.
E agora o tempo quer algo a mais de nós.
Mas a gente fica porque quer ficar.
Deseja, ama, dedica linhas e mais linhas de poemas.
Porém, um dia, essa hora chega.
Eu tenho uma criança para cuidar.
Você não precisa ficar.
Essa criança precisa que eu segure na mão dela,
coloque-a no meu colo,
ela quer brincar e eu tenho que colocá-la para dormir.
Ela tem medo e eu vou abraçá-la, confortá-la e dizer que está tudo bem,
eu estou aqui com ela.
Por tudo o que vivemos e que ainda vamos viver te quero ao meu lado,
porque eu amo você
e você é importante para mim.
Então sou eu quem precisa ir.
Sara.
*Música "O Ficar e o Ir da gente" - Plutão já foi planeta.
Comentários
Postar um comentário